Nas margens de um lago escocês encontram-se depósitos geológicos que datam de um bilhão de anos, e dentro das rochas há evidências do mais antigo organismo multicelular não marinho conhecido, de acordo com um estudo publicado na Current Biology. É um novo detalhe fascinante na história de como os animais podem ter evoluído a partir da sopa da Terra primitiva.
Tardígrado recém-descoberto é estranhamente resistente a doses letais de
radiação UV. Este fóssil pode pertencer ao animal mais antigo do mundo já
descoberto, com 558 milhões de anos.
Uma equipe de microscopistas, geólogos, palinologistas e paleobiologistas
escavou e descreveu o microorganismo fóssil, que eles chamaram de Bicellum
brasieri. Parece ser um membro do holozoa, o grupo de organismos que contém
animais e seus parentes unicelulares, mas não fungos. O depósito rochoso do
qual o fóssil emergiu, nas praias de Loch Torridon, na Escócia, foi estudado
durante anos; em 2011, um artigo da Nature da mesma equipe descreveu o grupo
com mais detalhes. O novo artigo mergulha na complexidade singular de B.
brasieri.
“Encontramos um organismo esférico primitivo composto de um arranjo de dois
tipos de células distintas, o primeiro passo em direção a uma estrutura
multicelular complexa”, disse Charles Wellman, paleobiólogo da Universidade de
Sheffield, em um comunicado à imprensa da universidade, acrescentando que é
“algo que nunca foi descrito antes no registro fóssil.”
O fóssil é constituído por um estereoblasto de células compactadas circundadas
por uma camada de células em forma de salsicha. É difícil determinar
exatamente quais eram as funções dos dois diferentes tipos de células, embora
seja possível que elas tenham algumas implicações reprodutivas.
Para que a vida faça a mudança monumental de organismos unicelulares simples
para organismos multicelulares complexos, “os organismos tiveram que
desenvolver um genoma que controlasse a natureza da divisão celular e como as
células se unem e como se diferenciam e segregam os tecidos”, disse Paul
Strother, paleobiólogo do Boston College e principal autor do novo estudo, em
um telefonema. “O que é empolgante sobre este fóssil é que, embora seja uma
morfologia extremamente simples, ele claramente tinha as capacidades de
algumas dessas características fundamentais necessárias para se tornar
multicelular.”
Por ser tão simples, mas multicelular, essa bolha de um bilhão de anos parece
mais relacionada aos grupos holozoários de Ichthyosporea e Pluriformea, alguns
microrganismos unicelulares, de acordo com os pesquisadores. É importante
ressaltar que o depósito rochoso do qual o B. basieri emergiu era um ambiente
de água doce, ao contrário dos ambientes marinhos tipicamente associados ao
surgimento de vida complexa. Descobertas anteriores confirmaram a existência
de uma vida multicelular antiga nos oceanos, algumas datando de mais de dois
bilhões de anos; agora parece possível que mais de um caminho evolutivo levou
às primeiras formas de vida multicelulares.
Retirado de: Gizmodo
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